terça-feira, 1 de julho de 2014

Baú.



Escarafunchando o baú de mim:
Traças, teias, traços, riscos, linhas... e nós.
Desatar é escrever.
Tirar do avesso o verso.
Catalogar os clichês.
Guardar as rimas.
Tirar os pontos, cuidar da cicatriz.
Permitir-se cruzar a linha.
Largar de vez o aposto.
Manter-se a postos.
Apostar no capítulo seguinte.
E colocar dois pontos na vida:

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Com.fiança


Desconfie das letras minúsculas e do excesso (ou falta) de pontuação, quando vierem de mim. Desconfie das monossílabas, principalmente se forem átonas. Desconfie do tom da voz se ele estiver abaixo de 27ºC.
Desconfie da falta de maquiagem, do pouco perfume, do cabelo preso, da ausência de colar.
Desconfie do olhar pra baixo, da mordida no canto da boca e de respirações profundas.
Desconfie da ligação curta, do cumprimento senil e da falta de beijo.
Desconfie de muita água, de pouco sono, da falta de chocolate.
Desconfie da falta de língua, de mordida, de suspiros. Desconfie do controle.
Mas não desconfie de mim. Não dou motivos.

- Das antigas. E atual -

domingo, 27 de maio de 2012

Desapontamento

Os problemas na ponta do lápis.
A gente de ponta-cabeça.
Os problemas despontam
De uma ponta a outra.
E a gente se espanta:
É problema de cabeça?

domingo, 29 de abril de 2012


Eu não te solto e não desço do salto. Mas eu só uso tênis.
Eu não tenho pênis.
Você me assalta e algo aqui sobressalta:
Aquilo que falta.
O que você não tem.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Eu, tão acostumada com a bagunça de mim mesma, com a bagunça em mim mesma, me vejo agora sem rumo porque as coisas parecem enfim estar em seus devidos lugares.
Acostumada ao caos do meu eu, nunca aprendi como simplesmente aproveitar. Não exercitei o sentir-se bem. Não pratiquei a felicidade.
Acostumei-me com a babel sentimental e mantive a ordem na minha desordem emocional enquanto pude.
Mas pra isso eu não estava preparada. Que constatação patética, meu Deus! Eu não estava preparada para aquilo que tanto busquei.
Não sei o que fazer dessa calmaria. Sinto que algo me falta. O porém me falta. Me sinto incapaz.
Eu que sempre vivi apesar, me vejo agora no impasse de descobrir a viver por que.

terça-feira, 12 de julho de 2011

.exposure.

Nasci exposta. Os órgãos do avesso, o peito aberto, a pele em carne-viva.
Vivi exposta. Os pensamentos na mesa, os sentimentos na bandeja, as vísceras à mostra.
Me mantive sujeita a feridas pela entrega desmedida.
Me fiz vulnerável pela excessiva sinceridade dos afetos.
Me lasquei toda na vida por amar demais.
Por te amar demais.
E você... esperto, inteligente, lindo, sempre na retaguarda, deixando-se amar com a liberdade que tomou de mim.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

aurora.

...porque escrever é tornar externo o sentimento.
É expor o que há de mais profundo.
É exprimir em letras o mais interno de si.
É uma liberdade. É uma obrigação.
É uma fuga da qual não se pode fugir.
Escrever é adjetivar o tempo, romancear o cotidiano, fazer rimas com o banal.
Escrever é a salvação em palavras.
É a vida em linhas.
É o relato da existência.
Escrever nunca tem ponto final.
Eu tenho tendência a tornar tudo muito grave.
Todos os sentimentos são intensos.
As sensações: orgânicas, orgásmicas. São múltiplas.
Não sinto nada impunemente.
Nada escapa ao crivo da minha sensibilidade extrema.
Tudo é mortal: do amor à sede.
Nada me escapa. Nada.
E eu nunca saio ilesa.

.não, não, hein.

Nos perdemos.
Nos acharam.
A você e a mim.
Não a nós.
Não há nós.
Não mais.

terça-feira, 19 de abril de 2011

.Big pack good-bye.

Porque já não nos pertencemos e juntas não somos mais um pronome plural.

Nós que éramos.

E os nós que ficam: na cabeça, no pensamento. Nessa corda bamba na qual venho tentando me equilibrar.

Muda a conjugação do verbo, mudam os sujeitos. Independente das coisas que não mudam.

E fica a persistência na construção de um futuro, mesmo com a certeza de que o pretérito foi sim mais que perfeito.